Pão Diário

ELE ERA O VERBO QUE SE FAZ CARNE HUMANA “...Cristo Jesus, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus, a que se devia aferrar, antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz”. Fp 2: 5-8 Nesse momento, sinto uma forte inclinação por duas palavras desse texto: o verbo ESVAZIAR e OBEDIÊNCIA. ESVAZIAR me lembra um balão gigante, que flutua bem alto, e, de repente, fuuuu!!! Furado, murcha, seca e desce. Tão lindo, no céu. Coisa estranha, disforme e desajeitada no chão. Lembra-me também uma (argh!) hemorragia (justo hemorragia?!). Aquele sangue cheio de brilho fluindo, vertendo. Contínuo, constante. Sem quem o represe, sem quem o retenha. Vai embora levando a memória, a força, a vida. Certamente, a hemorragia e a morte são parentes próximas. Mas, principalmente, me faz pensar em um texto de Lv 1: 11-13, que ordena que devemos aplicar sal a nossa oferta de manjares. Que sal? “o sal da aliança do teu Deus...”. Ora, oferta de manjares não se confundia com ofertas de expiação de pecados (para ficar limpo), nem com a de ações de graças (gratidão). Ela era uma oferta voluntária, onde, expontaneamente, oferecia-se algo ao Senhor, motivado não por aquilo que Deus podia conceder ou por aquilo que já havia dado, mas por aquilo que Ele É. Penso que, nos nossos dias, essa oferta de manjares é a nossa própia vida, oferecida ao Senhor sem razões egoístas, mas pela pessoa maravilhosa que Ele é para nós. Contudo, para que essa oferta seja agradável a Deus e, portanto, aceita, há necessidade de temperá-la com sal. A nossa vida precisa estar temperada com sal! Que sal? Novamente respondemos: a aliança do própio Deus. Amados, com Deus não existe aliança sem obediência. Não basta um punhado de emoções, bons sentimentos e algumas obras relevantes. “Obedecer é melhor do que sacrificar” já dizia Samuel a Saul, o Reijeitado. E qual o efeito do sal? Vejamos em seguida. Aqui, no Nordeste, tem uma coisa que aprendi a gostar demais: carne de sol! (hum!, até me deu água na boca). Bom, vi gente especializada na televisão ensinar que a boa carne de sol nem “vê” o sol, só o sal (gostaram dos “esses”?). Agora imagine uma carne fresca, vermelhinha, cheia de brilho, devido a água que ainda tem. Aplique sal! A carne vai murchar, perder o brilho e ficará escura. Em compensação, o sal queimará os seres indesejáveis que ali estão escondidos, invisíveis. E conservará a carne por muito tempo. No mundo espiritual, é muito semelhante. Quando aplicamos sal (obediência) nas nossas vidas, a nossa carne perde o seu brilho (a glória agora pertence a Deus). Os vermes (pecados) ocultos morrem queimados. E ela então murcha (esvazia-se). Em compensação, esse sal conserva (eternamente) a nossa vida para o deleite de Deus. Amados, foi a obediência que fez Jesus murchar e esvaziar-se como um balão. Foi o sal da obediência que o conduziu à hemorragia e à morte na cruz do Gólgota, ponto culminante do universo. Percebemos a obediência queimando-o no Getsêmani, quando disse “Faça-se a tua vontade e não a minha...”. Na realidade, Jesus se alimentava de obediência: “a minha comida consiste em fazer a vontade de meu Pai...”. Jesus era uma carne de sol ambulante. Preferiu a morte à desobediência ao Pai amado. Ele, por amor a Deus, perdeu a vida, para então reavê-la. Por isso, aquele que quiser ganhar a sua vida, perdê-la-á. E quem perdê-la, por amor a Cristo, ganhá-la-á. Creio que o amor de Deus é suficientemente grande para gerar obediência em nós. E a verdadeira obediência providenciará o nosso esvaziamento. Vazios e destituídos do nosso brilho e côr originais, seremos plenos de Deus e do conhecimento do seu Cristo. A Sua palavra permanecerá em nós. E seremos eternos. Basta temperarmos a nossa vida com sal. “Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros” (Mc 9:50). www.evangepaulo.blogspot.com.br