“Ele nos escolheu em Cristo antes da constituição do mundo, para sermos
santos e irrepreensíveis diante dEle em amor” (Efésios 1:4).
Deus nos escolhe!
Qual o critério? Haveria em nós alguma coisa que chamasse a atenção de Deus,
uma qualidade a mais, uma dedicação a mais? Na verdade, nada. Ele nos escolhe
em Cristo; esse mesmo Cristo que morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Aí,
pois, se acha o critério: a graça de Deus que se concretiza em Cristo. E graça,
para deixar bem claro, é o amor que o pecador recebe, mesmo sem merecer.
Entendido isso,
vamos considerar que a eleição da graça, a predestinação e termos semelhantes
que os teólogos criaram ao longo dos séculos não são conceitos para nos tirar a
tranqüilidade (será que sou um eleito?; ou: como vou saber se sou um eleito?)
nem para nos dar uma certeza vazia (já que sou eleito posso muito bem fazer o
que bem entender, ou seja, toda espécie de mal). A eleição é fundamentalmente
um consolo. Como os cristãos — desde aqueles da antiga Éfeso até os de hoje —
vivem na angústia de uma profunda contradição entre o seu ideal de serem
perfeitos e a realidade nem sempre tão perfeita — podendo sentir-se um tanto
perdidos e duvidar mesmo da presença de Deus em suas vidas — precisam duma
palavra segura a mostrar-lhes que sua comunhão com Deus os tornam livres desse
vaivém cotidiano. Por cima dessas ondas de insegurança encontra-se um Deus
estável, estável em tudo, mas estável sobretudo na sua graça, da qual Jesus
Cristo e Sua cruz é a realização.
Desta forma,
certificados e consolados, somos igualmente habilitados e convocados a ser
santos e irrepreensíveis no amor. O desafio supera nossas forças, mas
lembremo-nos: o mesmo Deus que nos escolheu pela graça, pela graça nos ampara
nessa caminhada.
Senhor Deus e
Pai, antes que houvesse mundo, Tu já nos escolheras e nos escolheras em Crito,
que haveria de morrer na cruz. Só podemos louvar-te sem parar. Ajuda que o
nosso louvor rime com amor não só no som, mas principalmente no fazer. Amém.
Martinho Lutero Hoffmann