Pão Diário


Tenho Saudade por
Antônio Pereira da Costa Júnior


“... e pela sua oração por vós, tendo de vós saudades, por causa da excelente graça de Deus que em vós há. Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável”. 2 Coríntios 9.14-15

O dicionário Aurélio define saudade como: “Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisa distante ou extinta”. Faz parte de nossa estrutura humana acalentar, vez por outra, esse sentimento. Hoje estou saudosista. E você? Aliás, quem nunca esteve assim que atire a primeira pedra. Ou seria caneta? Portanto...

Tenho saudades...

...do tempo em que se podia ouvir mensagens bíblicas substanciosas nos programas de TV, sem triunfalismos exarcebados, decretismos e reivindicações embasadas no egocentrismo do orante.

Tenho saudades...

...das orações simples e poderosas dos servos do Senhor que suplicavam, pediam, solicitavam os favores de Deus, sem exigências e imposições ao Sagrado. Hoje, contemplamos o retorno de relíquias sagradas como forma de cultuar o Pai. Lamentável!

Tenho saudades...

...da humildade de muitos servos de Deus. Essa qualidade está a cada dia desvanecendo-se de nossos púlpitos. “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”. Fp 2.3. Será que realmente fazemos isso?

Tenho saudades...

...das mensagens simples, porém, poderosas. Que nos faziam chorar pelas nossas misérias e pecados. Onde eram anunciadas as grandes verdades da Bíblia e não aquilo que o pregador achava que o povo queria ouvir. Aliás, devemos pregar, não o que o povo quer ouvir, e sim, o que ele precisa ouvir.

Tenho saudades...

...dos hinos recheados de verdades bíblicas, que tocavam a alma ao invés do bolso. Temos hoje pouquíssimas exceções. A primazia tem que ser a Glória de Deus e não o bem-estar do cantor. Por isso...

Tenho saudades...

...dos cantores sinceros que eram usados por Deus, ministrando com poder e graça, sem cachês exorbitantes e ovações de crentes ocos. Soli Deo Glória. Meu irmão: Soli Deo...

Tenho saudades...

...de ver crentes santificados, de fato e de verdade, não apenas na aparência, superficialmente dos que são marionetados pelos articuladores da fé. O crer deve ser sempre sinônimo do fazer. “Mas alguém dirá: Tu tens fé, eu tenho as obras; mostra-me tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. Tg 2.18.

Tenho saudades...

...de cultuar a Deus pelo que Ele é, e não pelo que pode dar, ou para que os visitantes vejam como somos “animados e animadores”, e saiam dizendo: “Que igreja fervorosa”. Ao invés de saírem dizendo: “Que Deus poderoso, pois senti que realmente Deus está neste lugar. Por isso reconheço que sou um miserável pecador”. Que Deus nos livre, e nos perdoe, de entrar no templo para fazermos de tudo, menos adorá-lo em espírito e em verdade.

Tenho saudades...

...da época em que se podia entrar numa livraria evangélica e comprar um livro de olhos vendados, sem temor e tremor. Hoje, quanto mais aberto os olhos, melhor.

Paulo sentiu saudades, você sente saudades, eu sinto saudades. Nada mais normal. Nada mais saudável. Isso deve nos fazer implorar: “Senhor, faz de novo”.

A saudade, neste caso, é irmã da esperança. Não devemos sentir saudades como sentimento nostálgico de algo extinto, mas crer que como Deus operou no passado poderá fazê-lo de novo. Você também pensa assim? Oremos juntos e sigamos o conselho de Jeremias: “Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança”. Lm 3.29

SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER