Mas, para que sejamos mais despertados e mais incitados a levar a cabo
isto, a
Escritura declara que não um, ou outro, ou poucos inimigos, ao
contrário, tropas
numerosas são as hostes demoníacas que travam guerra
conosco. Ora, não só lemos
que Maria Madalena foi libertada de sete demônios dos quais era possuída
[Mc
16.9; Lc 8.2], como também Cristo atesta ser isto comum: que, uma vez
expulso um
176 LIVRO I
Demônio, se outra vez lhe é propiciado novo espaço, ele toma
consigo sete espíritos
ainda piores e retorna à possessão desocupada [Mt 12.43]. Ademais, lemos que
uma
legião inteira se apoderou de um homem só. Aqui, portanto, somos
ensinados que
temos de guerrear com infinita multidão de inimigos, para que não suceda
que,
desprezada a insignificância de seu número, mais
remissos sejamos ao embate, ou,
julgando que não raro nos é propiciada certa intermitência, nos
entreguemos à inércia.
Assim, pois, muitas vezes a referência é a um Satanás ou Diabo, no
número
singular, denotando-se aquele império de iniqüidade que se opõe ao reino
de justiça.
Pois da mesma forma que a Igreja e a sociedade dos santos têm a Cristo como
Cabeça, assim também a facção dos ímpios, e a própria impiedade, nos são
pintadas
com seu príncipe, que nessa esfera exerce império absoluto. Razão pela
qual se
disso isto: “Apartai-vos, malditos, para o fogo eterno, que foi
preparado para o
“Diabo e seus anjos” [Mt 25.41].