“Não preciso sair em busca de gozo,
Tenho uma festa em casa;
Meus suspiros agora são canções,
Meu coração já não anda errante.
Vindo de cima, a Pomba Bendita
Veio a meu peito,
Para testemunhar Seu eterno amor,
E dar descanso a meu espírito.”
Que nossa alegria seja água viva proveniente daquelas fontes sagradas que o Senhor mesmo escavou. Que Sua alegria habite em nós, para que ela seja plena. Da alegria de Cristo não podemos possuir em excesso. Não temamos exagerar quando Seu amor é o vinho que bebemos. Ó, estar submerso nessa corrente pura de deleites espirituais! Porem, por que a vinda de Cristo a esse mundo é ocasião de alegria? A resposta é: primeiro, porque é para sempre um feito alegre que Deus esteja em aliança com o homem, especialmente quando a aliança é tão próxima que Deus toma verdadeiramente nossa humanidade em união com Sua Divindade – de tal maneira que Deus e o homem constituem uma divina e misteriosa pessoa.
O pecado tinha separado o homem de Deus. Mas a encarnação coloca uma ponte nessa separação: é um prelúdio do sacrifício de expiação, um prelúdio repleto da mais rica esperança. Daqui a adiante, quando Deus olha ao homem, Ele lembra que Seu próprio Filho é um homem. A partir desse dia, quando ele observa ao pecador, se Sua ira arde, Ele lembrará que Seu próprio Filho, como homem, se pôs no lugar do pecador, e levou a condenação do pecador. Como no caso de uma guerra em que a contenda termina quando as partes opostas chegam a um acordo, assim já não há mais guerra entre Deus e o homem, porque Deus tomou o homem em íntima união com Ele mesmo. Aqui, então, houve uma causa de alegria.
Mas houve algo mais do que isso, porque os pastores estavam conscientes que existiram desde outrora promessas que tinha sido a esperança e o consolo dos crentes de todos os tempos, e essas promessas iriam ser cumpridas agora. Existia essa antiga promessa feita no umbral do Éden aos primeiros pecadores de nossa raça: que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente. Houve outra promessa, feita ao pai dos fiéis, que em sua semente seriam benditas todas as famílias da terra; e muitas promessas proferidas das bocas dos profetas e dos santos desde que o mundo teve início.
Agora, o anúncio do anjo do Senhor aos pastores foi uma declaração de que o pacto tinha sido cumprido, e que agora na plenitude do tempo Deus vindicaria Sua Palavra, e o Messias, que iria ser a glória de Israel e a esperança do mundo, agora tinha realmente chegado.
Alegrem-se céus, e alegre-se, ó terra, pois o Senhor o tem feito, e em misericórdia Ele visitou Seu povo. O Senhor não permitiu que Sua palavra falhasse, mas sim cumpriu Suas promessas a Seu povo. O tempo para favorecer a Sião, sim, o tempo fixado, chegou! Agora que o cetro se apartou de Judá, observe que vem Siló, o Mensageiro do pacto subitamente aparece em Seu templo!
Mas o cântico do anjo tinha, em si, uma razão mais plena para o júbilo. Pois nosso Senhor, que tinha nascido em Belém, veio como um Salvador. “Porque vos há nascido hoje um Salvador.” Deus tinha vindo à terra antes, porem não como um Salvador. Recordem essa terrível vinda quando três anjos foram para Sodoma ao anoitecer, pois o Senhor disse: “Descerei agora e verei se fizeram em tudo conforme a seu clamor, o qual chegou até mim.”
Ele tinha vindo como um espia para ser testemunha do pecado humano, e como um vingador para levantar Sua mão ao céu e ordenar que o fogo acesso descesse e queimasse as cidades malditas da planície. Horror para o mundo quando Deus desce assim! Se o Sinai fumega quando a Lei é proclamada, a terra mesma se derreterá quando as violações contra a Lei sejam castigadas. Porem, agora Ele veio, não como um anjo de vingança, mas sim como um homem pleno de misericórdia. Não para espiar nosso pecado, mas sim para tirá-lo. Não para castigar nossa culpa, mas sim para perdoá-la.
O Senhor poderia ter vindo com raios em ambas as mãos. Poderia ter vindo como Elias para trazer fogo do céu. Mas não, Suas mãos estão cheias de dons de amor, e Sua presença é a garantia da graça.
O bebê nascido na manjedoura poderia ter sido outro profeta de lágrimas, ou outro filho do trovão, porem, Ele não foi assim – Ele veio em mansidão, Sua glória e Seu trovão, deixou-os de lado: